SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os discursos de líderes mundiais na 79ª Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) começam nesta terça-feira (24) –por tradição, o primeiro a discursar é o chefe de Estado brasileiro, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já está em Nova York, nos Estados Unidos, onde fica a sede da ONU, para um dos momentos mais importantes da diplomacia mundial no ano.
Lula chegou aos EUA no último sábado (21). No domingo (22), fez um breve discurso na Cúpula do Futuro, uma iniciativa lançada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para tentar costurar compromissos dos governos em áreas como clima, inteligência artificial e governança global.
Na ocasião, Lula defendeu a reestruturação dos principais órgãos multilaterais para que eles reflitam a importância atual do chamado Sul Global, termo não oficial usado para se referir a nações em desenvolvimento. A fala fez menção à campanha histórica da diplomacia brasileira por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
O presidente antecipou, dessa forma, aquele que deve ser um dos principais temas que vai abordar no seu discurso aos líderes mundiais reunidos na Assembleia-Geral nesta terça: a reforma dos mecanismos de governança global, incluindo a ONU.
Mas Lula também chega a Nova York com seu papel de líder regional pressionado pela onda de queimadas que assola o país -o presidente, que aspira tornar o Brasil um líder na discussão das mudanças climáticas, deve usar o exemplo dos incêndios para reforçar o argumento de que é preciso agir urgentemente em medidas relacionadas ao clima.
A ideia é elencar o caso brasileiro como mais um argumento para ações defendidas há muito pelo Brasil, entre elas a de que os países desenvolvidos devem concretizar antigas promessas e direcionar mais recursos para o enfrentamento ao aquecimento global.
O presidente dos EUA, Joe Biden, também se pronuncia nesta terça-feira, logo após a fala de Lula. O discurso será o seu último na ONU e também um dos finais de seu mandato -o democrata desistiu da sua candidatura à reeleição em julho, e deixará o cargo em janeiro do próximo ano, não importa quem vença as eleições presidenciais dos EUA: a vice-presidente Kamala Harris ou o ex-presidente Donald Trump.
Segundo a imprensa americana, Biden deve utilizar o discurso como uma forma de mostrar força em um momento no qual o mundo político dos EUA já o considera um “pato manco”, ou seja, um presidente de saída sem muito poder de negociação.
O democrata deve abordar na fala as guerras da Ucrânia e na Faixa de Gaza, nas quais os EUA estão indiretamente envolvidos.
Biden sofre pressão do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, para que libere de forma irrestrita o uso de armas fornecidas por Washington contra alvos em território russo –Zelenski chegou aos EUA já no domingo para apresentar aos aliados americanos o que chama de um “plano de vitória” do seu país na guerra. Segundo ele, ataques dentro da Rússia são parte crucial desse plano. O ucraniano discursa na ONU na quarta-feira (24).
O presidente americano também deve falar sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas, que completa um ano no próximo dia 7. Washington, que é o aliado mais importante de Tel Aviv, atua diplomaticamente para evitar uma escalada ainda maior do conflito -quase 500 pessoas morreram em bombardeios israelenses no Líbano nesta segunda-feira (23), e o governo Binyamin Netanyahu tem falado em uma “nova fase da guerra”, mirando agora o grupo armado libanês Hezbollah. O primeiro-ministro israelense deve se dirigir à Assembleia-Geral na sexta-feira (27).
Outros líderes mundiais que vão discursar nesta terça são o presidente da Turquia, Recep Erdogan, da Colômbia, Gustavo Petro, e da Argentina, Javier Milei, neste que será sua primeira fala à ONU desde que chegou ao poder em novembro do ano passado. Também falam os líderes de El Salvador, Nayib Bukele, Irã, Masoud Pezeshkian, Chile, Gabriel Boric, e Itália, Giorgia Meloni, entre outros.
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