SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Ucrânia perdeu pela primeira vez 1 dos 31 tanques pesados M1A1 Abrams enviados pelos Estados Unidos para ajudar no esforço de guerra contra a Rússia. Nunca antes o modelo havia sido destruído por fogo inimigo.
Dentro do contexto da Guerra da Ucrânia, que completou dois anos no sábado (24), a perda é mais simbólica. Os Abrams doados por Washington são de uma versão mais antiga do blindado, o mais poderoso de seu tipo no mundo, e as quantidades, ínfimas.
O site de monitoramento de informações abertas holandês Oryx conta 2.479 tanques russos perdidos, algo em linha com a estimativa do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (Londres), de cerca de 3.000. Isso equivale à sua frota ativa antes da guerra, mas não é um cálculo direto, pois os russos têm empregado muitos blindados antigos de seus vastos estoques.
Já os ucranianos, segundo o site, perderam 749 desse tipo de blindados. De ajuda externa, receberam 230 T-72 soviéticos da Polônia no primeiro ano da guerra e um número incerto depois, a promessa de quase 100 Leopard alemães, em diversos modelos, 14 Challenger-2 britânicos e os Abrams.
Três dezenas de Leopard foram perdidos, assim como ao menos um Challenger-2. O Abrams embute o simbolismo de ser americano e a aura de invencibilidade relativa dado que, até aqui, os EUA diziam só terem tido destruídos 9 unidades, todas ou por fogo amigo, ou intencionalmente, na primeira Guerra da Golfo (1991).
O Abrams foi destruído perto da nova linha de frente do leste de Donestk, após a tomada da estratégica Aviivka, no fim de semana retrasado, pelos russos. Não está claro de quando é a imagem do blindado em chamas, com sua proteção reativa explodida.
A imagem foi georreferenciada por sites especializados em catalogar informação pública, e, claro, amplamente divulgada pelos blogs militares russos.
No fim do ano, um outro Abrams havia sido filmado abandonado em uma estrada, mas ele não tinha sinais aparentes de danos -sugerindo uma pane seca, dado o consumo enorme de combustível do modelo, que, a exemplo do T-80 russo, roda com uma turbina.
Além de pesados para alguns terrenos, seu motor beberrão era um dos argumentos americanos contra seu envio. Ao fim, em outubro do ano passado os tanques che garam para as forças de Kiev, mas pouco foram vistos nas linhas de frente, não menos porque perdas numa guerra de atrito intensa como essa seriam inevitáveis, e má propaganda.
O tanque a serviço da Ucrânia tem um canhão de 120 mm e leva quatro soldados por até 450 km de distância. Foi o esteio de guerras americanas desde a década de 1980, como a do Golfo, do Afeganistão (2001-21) e do Iraque (2003-11). A Arábia Saudita usou tanque na Guerra Civil do Iêmen, e o Iraque, contra o Estado Islâmico.
Nesta segunda (26), Moscou e Kiev confirmaram a tomada de mais uma cidadezinha a oeste de Avdiivka pelas tropas de Vladimir Putin, que têm pressionado uma linha que estava estável desde a guerra civil de 2014, entre separatistas pró-Kremlin e a Ucrânia.
O ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, disse nesta segunda que as perdas no leste são decorrência da anemia das Forças Armadas de seu país. Ele pediu principalmente mais munição, artigo vital em falta em vários pontos da frente.
Operadores de tanques Leopard relataram, em diversas reportagens sobre os dois anos da guerra, que por vezes só conseguem usar seus blindados em combate por menos de dez minutos, dada a falta de projeteis para disparar.
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