RENATO MACHADO
CAIRO, EGITO (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou a falta de compromissos oficiais na cidade do Cairo, nesta quarta-feira (14), para visitar as pirâmides do Egito ao lado da primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja.
Lula desembarcou nesta quarta (14) para o início de uma viagem de cinco dias pelo continente africano. Além da cidade do Cairo, ele vai a Adis Abeba, capital da Etiópia, para participar da cúpula da União Africana.
O presidente chegou por volta das 9h no horário local (4h em Brasília) e seguiu direto para o palácio Qubba, um dos prédios do regime egípcio destinado a hospedar líderes estrangeiros.
Lula também foi ao Novo Museu do Egito, ainda não aberto oficialmente ao público. As visitas foram descritas como agenda privada, e não houve cobertura programada para a imprensa. A Folha de S.Paulo estava nas pirâmides e acompanhou parte da visita do presidente.
A comitiva presidencial chegou ao complexo das pirâmides em um grande comboio de carros, pouco antes das 16h, quando o local é fechado para o público. No entanto, ainda havia muitos turistas, que de longe olhavam curiosos. Muitos, no entanto, foram deixando o local, avisados pelo segurança de que as pirâmides já haviam fechado.
Os agentes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), além da segurança egípcia, fizeram um cordão para impedir a aproximação. Após notar que havia integrantes da imprensa, a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) permitiu uma pequena aproximação dos poucos profissionais.
Lula foi guiado durante o tour por Khaled al-Anani, ex-ministro das Antiguidades do Egito.
As chamadas Pirâmides de Gizé foram construídas durante décadas, por volta dos anos 2.500 a.C. O grupo começou a visita pela Pirâmide de Quéops, também chamada de a Grande Pirâmide de Gizé. Este é o maior monumento -apesar de não parecer, pois há outra pirâmide construída no alto de um morro.
Logo na sequência, todos entraram nos veículos do comboio e se dirigiram à Grande Esfinge, que tem uma aparência enigmática, com a cabeça humana e um corpo de leão. Nesse momento, novamente organizados, os seguranças conseguiram isolar Lula e sua comitiva dos demais presentes.
Estavam na comitiva, além da primeira-dama, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), além de dezenas de assessores.
Lula havia pedido diretamente a seus auxiliares que providenciassem a visita às pirâmides, durante os preparativos para a viagem à África.
A chegada ao Egito ocorre pouco mais de 20 anos após a sua primeira viagem ao país, ainda no primeiro ano do seu primeiro mandato, em dezembro de 2003. Lula também aproveitou aquele momento para visitar as pirâmides, na companhia da então primeira-dama, Marisa Letícia (1950-2017).
Os dois depois foram ao Museu do Cairo. Em um clima de descontração, brincando e posando para fotos da imprensa que os acompanhava, o casal presidencial visitou em particular os objetos do faraó Tutancâmon (1340 a.C.-1322 a.C.), até hoje o único líder egípcio cuja tumba foi encontrada intacta, em 1922.
Lula terá agendas oficiais no Cairo nesta quinta-feira (15). O presidente inicialmente será recebido pelo ditador egípcio, Abdel Fattah al-Sisi. Os dois terão uma reunião bilateral e depois assinarão alguns atos, em particular nas áreas de cooperação de comércio e ciência e tecnologia. Também está previsto o lançamento do voo direto entre São Paulo e Cairo.
Durante a tarde, o brasileiro visita a sede da Liga Árabe, onde há a expectativa de que faça um discurso aos representantes desses países. Em 2003, Lula se tornou o primeiro líder latino-americano a falar na entidade.
A chegada de Lula ao Egito se dá em meio ao acirramento da tensão na Faixa de Gaza, após Israel anunciar sua intenção de ampliar as operações militares em Rafah, na fronteira com o Egito. O local concentra a população civil que vinha fugindo das outras áreas de conflito, além de ser hoje a única porta para a saída do território palestino.
Também no Cairo ocorrem negociações para a implementação de um cessar-fogo em Gaza, que envolveriam a troca de reféns. Autoridades dos EUA, Egito, Israel, Qatar e do grupo Hamas se reuniram no Cairo na terça, à medida que crescem os apelos para que Israel se abstenha de um ataque planejado a Rafah.
Segundo autoridades ouvidas pelo jornal The Guardian, Israel e Hamas fizeram progresso em relação a um cessar-fogo, que incluiria também a liberação de reféns em poder do grupo terrorista. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, disse que os lados “estão avançando na direção certa”. Israel não comentou as negociações.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, no entanto, descartou enviar uma delegação do país para mais negociações de reféns no Cairo. A decisão, segundo relatos, teria sido tomada sem consulta ao gabinete de guerra, o que irritou alguns dos membros que haviam se reunido nesta quarta para discutir os próximos passos.
O gabinete de Netanyahu afirmou que nenhum avanço pode ser feito nas negociações de reféns até que o Hamas mude sua posição “delirante”.
A África do Sul, por sua vez, anunciou que pediu à CIJ (Corte Internacional de Justiça) para avaliar a decisão de Israel de ampliar suas operações militares em Rafah.
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